terça-feira, 2 de agosto de 2011

O "MALZONI" DELES


Tal como ocorreu no Brasil nos anos 60, a DKW alemã viveu tempos de glória no automobilismo na década anterior, graças ao desempenho entusiasmante do motor dois-tempos que, naquele período de restrições, se pareava com unidades de cilindrada muito maior - quem não se lembra do slogan 3=6, que insinuava que um motor de três cilindros da marca oferecia desempenho de um seis cilindros de quatro tempos? Curiosamente, também como ocorreu no Brasil, a DKW corria com seus sedãs de produção normal, tendo o puro-sangue da marca nascido fora da fábrica, a partir da iniciativa de um grupo independente de entusiastas que, posteriormente, ganhou apoio técnico oficial e autorização para estampar orgulhosamente as quatro argolas na carroceria do bólido. E a última semelhança: ambos eram de fibra de vidro. Se o nosso GT Malzoni nasceu na fazenda de Rino Malzoni em 1964, a partir das experiências das pistas de Jorge Lettry, o Monza alemão, construído entre 1956 e 1958 em números tão restritos quanto os do GT brasileiro (cerca de 80 unidades, das quais pouco mais de 40 sobrevivem), surgiu da iniciativa dos pilotos Günther Ahrens e Albrecht Mantzel, que corriam com os F-91 nas provas de turismo européias. A produção ficou a cargo de algumas concessionárias da marca, tendo o Monza se revelado um sucesso graças ao peso reduzido e à disposição dos 40 cv do motor dois-tempos de apenas 0.9 litro. Alguns contemporâneos famosos foram o Cisitalia e os primeiros Porsche 356, cujos números de cilindrada, potência e desempenho eram próximos aos do esportivo de Ingolstadt. A produção, entretanto, foi precocemente interrompida por ordem da própria Auto Union, então sob controle da Mercedes, para não canibalizar as vendas do modelo 1000 SP, um cupê inspirado no Thunderbird americano lançado em 1957 e cuja veia esportiva nunca chegou nem perto de repetir a do Monza.

2 comentários:

Paulo Levi disse...

Muito interessante, principalmente pelo overhang (como se fala isso em português?)reduzidíssimo atrás das rodas traseiras, coisa rara para a época. Mas em matéria de estética, fico mesmo é com o Malzoni.

Luís Augusto disse...

Paulo, os dois são muito parecidos! Só que o Malzoni já tem a cara das berlinetas dos anos 60. Overhang = balanço, que tal?